O cenário para a perita mulher no mundo da arbitragem

Entre os dias 5 e 7 de novembro, em Miami, aconteceu o 15º Congresso Internacional de Arbitragem promovido pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) em conjunto com a Arbitral Women e a Arbitration Pledge. O tema com destaque no evento foi A Mulher Perita no mundo da Arbitragem.

Em um universo particularmente masculino, o objetivo do painel “Expert: A Woman’s no man land” foi apresentar a visão das tendências, problemas e sugestões da falta da diversidade de gêneros nas perícias arbitrais.

Painelistas de 4 países estavam presentes nesse debate: Juliette Fortin (França), Alessandra Ribas Secco (Brasil), Jan Paulsson (Suécia) e Miguel Nakhle (EUA) com abertura realizada pela Dra. Ana Carolina Weber, representante do ArbitralWomen no Brasil.

Observando alguns dados da publicação Who’s Who Legal, é possível perceber o aumento no número de mulheres como peritas, ainda que seja um crescimento tímido comparado ao número de homens que exercem a função.

Entre 2011 e 2017, passamos de 0 para 17 o número de profissionais mulheres registradas. No site da ArbitralWomen, 37 mulheres estão registradas como Experts.

Male/female as Experts in Who’s Who Legal between 2011 and 2017

 

No Brasil, o cenário segue um pouco do que encontramos fora do país. No site do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), nota-se o crescimento de mulheres na área de contabilidade, hoje, elas são 43% do número de profissionais, contra 34%, há 13 anos.

O aumento pode ser explicado também pela crescente procura das mulheres por áreas técnicas e relacionadas à ciências, não só a contabilidade. Além disso, o empoderamento feminino, com cada vez mais adeptas, faz com que as mulheres tenham mais confiança em seu trabalho e busquem novas oportunidade e desenvolvam novas aptidões.

Ampliando a visão sobre como o mercado de trabalho se apresenta para homens e mulheres, é clara a lentidão como elas vem conseguindo diminuir as diferenças de condições em relação aos homens. Em um reportagem da revista “Época”, de outubro, intitulada “Mulheres no topo”, há a comparação que, se continuar no ritmo atual, as mulheres vão conseguir a igualdade de gênero em 170 anos.

Aos painelistas do congresso foi questionado se eles entendiam que havia diferença de abordagens entre a perícia desenvolvida por homens e mulheres. Todos afirmaram que não existe diferença por causa do gênero, mas existem sim por diferenças culturais, de idioma, de vivência, idade e estudo entre um perito e outro. E, principalmente, todos concordam que a solução é discutir o problema.

Por fim, as discussões abrangeram os desafios da mulher neste mundo pericial. Oportunidades, mudança de mentalidade, acreditar no potencial, filhos e dedicação foram algumas das colocações, que não apenas no mundo da perícia, mas de modo geral, necessitam ser encarados e desbravados pelas mulheres.

A igualdade de gêneros passa por um entendimento maior de uma sociedade, historicamente patriarcal e machista, que não existem diferenças de capacidades entre homens e mulheres e a discussão do tema é um dos caminhos mais eficazes para a elucidação. Que a contabilidade seja uma das bandeiras que vão mostrar a importância de encarar a igualdade de gênero como mais que necessária, mas fundamental.

Sobre Alessandra Ribas Secco

Sócia fundadora da Ribas Secco Escritório de Perícias
Contadora, Administradora de Empresas, com mais de 15 anos de experiência profissional na área da Perícia Contábil e Financeira, atuando como Perita e Assistente Técnica no âmbito arbitral e judicial. Mestra em Ciências Contábeis e docente do curso de Pós-Graduação em Perícia Contábil na Fecap/SP.

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