No mês de Março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Não se tem o evento exato que fomentou a data do dia 08, contudo a história mais conhecida foi a greve realizada por mulheres operárias em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 1857.
Naquela época trabalhava-se muito e ganhava-se pouco, por isso, a greve objetivava a redução da jornada e melhores condições de trabalho.
Com o passar do tempo, as reivindicações foram se alterando e a maior presença feminina no mercado de trabalho tornando-se visível.
O mercado contábil é um desses exemplos. Em 2021, o Conselho Federal de Contabilidade apresentou as estatísticas da área e a presença feminina atingiu a marca de 43% dentre os profissionais registrados.
Na pesquisa de Santos (2021), ela destacou que as mulheres ainda ganham 20% a menos do que os homens, de acordo com as informações do ano de 2019 do IBGE e ocupam apenas 13,6% dos cargos de nível executivo, na pesquisa da ONU e OIT de 2015.
A pesquisa de Santos (2021) constatou que, as mulheres concordam que ainda há barreiras para o crescimento no mercado contábil, há discriminação com testes sobre a capacidade de atuação das mulheres e parte afirma já ter recebido salário menor do que um colega homem.
Assunto importante que se destaca no mês de Março. Assim, para comemorar os 10 anos da Ribas Secco conversamos com três contadoras, Fabíola D Agostini Peleias, Juliana Baggio e Meire Sandra Agostinho Soares, peritas empreendedoras, com intensa atuação no mercado pericial e ampla experiência na área para entender, em especial, na atividade da perícia contábil, a posição da profissional mulher, agrupados em 10 tópicos.
- Formação acadêmica
As peritas que conversamos tem uma forte formação acadêmica, com duas graduações, além de Ciências Contábeis, a Economia, o Direito e Letras. Uma delas tem pós-graduação, uma é mestranda e a outra tem mestrado. Percebe-se neste grupo que há uma multidisciplinaridade que auxilia na construção de uma profissional com habilidades que ultrapassam apenas a técnica contábil, que fortalece sua atuação na área.
- Experiência profissional
As peritas entrevistadas antes de adentrar na perícia contábil, já atuavam em áreas correlatas como mercado financeiro, escritório de contabilidade e indústria. As experiências anteriores auxiliaram no início dos trabalhos periciais, entretanto, a prática vivenciada em cada trabalho se mostrou a melhor escola.
O que nos mostra que, a profissional da perícia aprende com a experiência. Da mesma forma como dito por Lopes de Sá (1997) “A expressão perícia advém do Latim: Peritia, que em seu sentido próprio significa Conhecimento (adquirido pela experiência), bem como Experiência.”.
- Há diferença entre perícias realizadas por mulheres e homens
As peritas entrevistadas percebem de forma diversa; de um lado, que os trabalhos mais bem fundamentados foram elaborados por mulheres, e de outro, que não há diferença, pois no final, o cliente quer um trabalho bem feito, independente de quem o fez.
- Preconceito no mercado de trabalho
Relataram fatos que as colocaram diante de situações de preconceito. Seja porque homens não aceitavam serem comandados por mulheres; fosse pela idade, onde homens acabavam se dirigindo aos colegas seniores; fosse por ser mulher e ser considerada do “sexo frágil”.
- Síndrome do Impostor
Pouco tempo atrás, começamos a ouvir falar sobre a Síndrome do Impostor. Isto se refletiria em pensar que não estaríamos aptas ou estaríamos no “lugar errado”, quase não sendo dignas para atuar em uma determinada atividade.
A atuação em um nicho representado em sua maioria por homens pode de forma inconsciente levar as profissionais a este pensamento, na visão das entrevistadas. Tópico importante, principalmente se pensarmos nas peritas que estão entrando no mercado da perícia contábil.
- Obrigações familiares
Conciliar a casa e os filhos com o trabalho na perícia é ainda um forte desafio, pois a perícia requer muita dedicação e, na visão do grupo, a cobrança sobre as mulheres é maior se comparado com os homens.
- Apoio da família e pares
As peritas entendem que o apoio da família (maridos, pais, amigos) foi importante para conseguirem se dedicar à área da perícia. O apoio dos pares também foi relatado como importante, principalmente no quesito de contribuir com o desenvolvimento profissional, busca de habilidades e aprimoramento das perícias.
- Fomento da diversidade nas empresas
A inclusão foi citada pelas peritas como princípio de suas empresas. A busca por pessoas que possam colaborar com a empresa de forma competente e com caráter, sem classificá-la pelo gênero, cor, credo, etc.
- Atuação dos órgãos de classe
As entrevistadas destacam que o CRC de São Paulo tem feito um trabalho que valoriza a mulher contadora, dentre eles, a comissão CRC Mulher e o programa Universo Contábil com Elas.
- Desafios das mulheres no mundo pericial
Apesar das conquistas já realizadas, as mulheres na área da perícia ainda têm desafios pela frente. O mais significante, citado pelas entrevistadas, está vinculado às obrigações familiares (cuidados com a casa, filhos, pais, etc.). E isto está relacionado quando combinado com a questão da dedicação necessária para o desenvolvimento dos trabalhos periciais, pontuado por elas.
Depoimentos importantes e que nos colocam diante do contínuo desafio de nos atualizarmos, atuarmos de forma firme e buscando sempre a excelência nos trabalhos, da mesma forma, que são os trabalhos e os posicionamentos profissionais das nossas entrevistadas.
É uma honra e sinto-me muito feliz em poder ter explorado estes diversos tópicos cujo um dos objetivos é contribuir com as mulheres, atuantes e que pretendem entrar nesta área, para juntas transformarmos o nosso ambiente de trabalho. Sejamos a mudança que queremos ver no mundo!
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